sexta-feira, 30 de março de 2012

ORIENTE MÉDIO - O MOMENTO ATUAL – SERÁ CULPA DA FRANÇA E DA INGLATERRA?




O mosaico do Oriente Médio nos dias de hoje é claro reflexo das políticas adotadas pela Grã-Bretanha e pela França no começo do século XX. Das margens do Mediterrâneo até o Golfo Pérsico não há um só país cujas fronteiras não tenham sido desenhadas pelos arquitetos do Acordo Sykes-Picot.

No Iraque, ocupado por tropas americanas e britânicas, com a presença simbólica de vários outros países, curdos, xiitas e sunitas enfrentam-se como antes de haverem sido colocados sob o mesmo governo. A existência do Kuwait como país independente foi contestada até recentemente pelo Iraque, assim como as fronteiras com o Irã e a Arábia Saudita. E nada indica que a eliminação de Saddam Hussein mudará essa percepção. O petróleo continua a ser extraído e exportado por grupos estrangeiros, e terroristas de diversos matizes continuam a tentar impedir seu fluxo através dos oleodutos desenhados há mais de um século.

Os turcos, com seu Estado laico consolidado, continuam a negar o massacre armênio e a reprimir a população curda remanescente no leste do país. A Jordânia, mantida por anos sob proteção dos britânicos, aproximou-se ora do Iraque, ora do Egito, mas nunca deixou de sentir a fragilidade oriunda das características de seu território e de sua população. A ocupação da margem ocidental do rio Jordão, em 1948, introduziu no país um contingente palestino que até os dias de hoje influencia as possíveis soluções para o problema da Palestina.

No Líbano, após anos de uma sangrenta guerra civil, as tradicionais rivalidades étnicas deram lugar a uma nova força, representativa da população xiita majoritária no sul do país e organizada sob o pretexto de combater a presença israelense. O Hezbollah se transformou na principal força armada não estatal da região, recebendo apoio da Síria e do Irã e ajudando a aprofundar as diferenças étnicas no Líbano e a influência de uma Síria que nunca aceitou a extração de uma parte de seu território pelos cristãos franceses.

No território da Palestina – onde a publicação da Declaração Balfour em 1917 havia anunciado a disposição britânica para a criação de um “Lar Nacional Judaico”, conceito abandonado, após duas décadas de conflitos, em favor da ideia de uma divisão para a criação de dos Estados etnicamente caracterizados até que, finalmente, a questão foi entregue para decisão das Nações Unidas em 1947 –, continuam a se manifestar as consequências de políticas adotadas logo após a ocupação da região no final da Primeira Guerra Mundial. Os judeus conseguiram criar um Estado forte e independente e, após várias guerras, ocupar todo o território da Palestina histórica, do Mediterrâneo até o rio Jordão. Ao longo da última década, a constatação da impossibilidade de absorver, expulsar ou controlar uma população de milhões de palestinos, e assim manter o controle dos territórios ocupados em 1967, levou o governo israelense a buscar alternativas, entre as quais a retirada unilateral de parte do território conquistado e a construção de uma barreira de separação física entre as populações árabe e israelense. Nenhuma dessas medidas, entretanto, aponta para uma solução que, no curto ou médio prazo, atenda simultaneamente às reivindicações palestinas de criação de um Estado independente e às aspirações israelenses de manter dentro de suas fronteiras os grandes assentamentos construídos ao longo das últimas quatro décadas. Tudo indica que as consequências das ações de Sykes e Picot continuarão a ser sentidas ainda por muito tempo.

quinta-feira, 29 de março de 2012

INFERNO EM WALL STREET


A Crise de 1929 e a queda do Muro de Berlim em 1989 marcam momentos em que o interesse nacional dos Estados Unidos se afirma de modo explícito e até desconcertante para alguns parceiros no jogo internacional. Houve dois importantes momentos em que Wall Street tornou-se um “inferno” e, mais especificamente, um inferno com profundas implicações sobre os padrões de desenvolvimento dos países da periferia do sistema, como o Brasil.

A Crise de 1929 transformou o capitalismo para sempre. No final do século XX, a euforia provocada pela “vitória do capitalismo sobre o comunismo” abriu uma bolha especulativa que estourou com a Crise Asiática (1997), e depois com todo o sistema bancário internacional, por contágios sucessivos, levando a uma intensa reestruturação dos mercados internacionais de capitais. As perdas patrimoniais com o estouro da bolha “ponto.com” e a desinflação do consumo e do crédito imobiliário na economia americana ainda abalam o conjunto do sistema internacional de pagamentos, embora claramente o império de Bretton Woods continue ditando as regras do jogo.

A percepção da economia monetária como um jogo e a própria ideia de que é necessário criar espaços em que suas regras sejam negociadas de modo praticamente contínuo são resultados do aprendizado em economia monetária, mas também em planejamento de economia de guerra, que avançaram muito com a Crise de 1929 e as duas guerras mundiais. Os milhões de mortos em campos de batalha e em campos de concentração nazistas pagaram por um aprendizado civilizatório que a hegemonia do dólar põe à prova.

Os dois marcos históricos, 1929 e 1989, são limites mais ou menos claros de um longo ciclo, de 70 anos, de desenvolvimento econômico e tecnológico, em geral, mas não exclusivamente liderado pelos Estados Unidos, seguidos por Grã-Bretanha, França, Alemanha e Japão. As duas grandes crises financeiras tiveram como alguns dos fenômenos mais visíveis a quebra das bolsas em 1929 e a quebra dos países em desenvolvimento nos anos 1980 e 1990.

O inferno de 1929 deixou esta clara lição: não há capitalismo sem intervenção do Estado para evitar rupturas extremas no funcionamento dos mercados e sociedades. Hoje isso ainda não é um lugar-comum, mas é flagrante a diferença entre o Fed dos anos 1920, que, diante do colapso dos mercados, deixou o ajuste seguir seu curso, e o Fed do século XXI, que não titubeia ao injetar bilhões de dólares no sistema financeiro diante de crises como a do Long Term Credit Management em 1998 ou a do crédito imobiliário de 2007.

Nos anos 1930, Estados Unidos e Europa seguiram caminhos semelhantes, apostando na atuação forte do Estado, mas só resolveram a crise duas bombas atômicas depois, num pacto de prosperidade comandado por Washington e Londres. Esse pacto econômico-financeiro ficou na história como o Sistema de Bretton Woods, em que uma endividada Grã-Bretanha cedia aos “novos ricos” transatlânticos a prerrogativa na reconstrução do mundo à sua imagem e semelhança.

O sistema monetário internacional desenhado pelos americanos dedicados ao planejamento estratégico do mundo do pós-guerra faz sentido apenas na medida em que é indissociável da polarização entre mundo capitalista e um “altermundo” comunista. A adesão ao dólar é o modo concreto como se dá o delineamento das fronteiras do capitalismo e da hegemonia americana no sistema global. O desafio, é importante ressaltar, não surgiu com a guerra, mas era anterior, na medida em que a União Soviética se antecipou e colocou, assim como a Alemanha nazista, Estado e instituições da sociedade civil em linha para organizar os mercados e a competição imperialista, enquanto banqueiros e lideranças políticas do mundo ocidental acreditavam na força e na inércia auto regeneradora dos mercados diante do caos de 1929.

O modelo de dominação monetária estabelecido em Bretton Woods inspirou-se numa ideologia de polarização extrema e suas regras concorreram para fazer da própria polarização uma forma de legitimação. No entanto, desde a crise do dólar, nos anos 1970, o “papel civilizatório” do dólar tem sido colocado em xeque. Oficialmente, o Sistema de Bretton Woods foi por terra em 1971, quando o presidente Richard Nixon declarou que deixava de existir a obrigação de oferecer lastro em ouro para o dólar em circulação na economia mundial.

Na prática, Nixon apenas tornou explícita a regulação da violência que é tácita, implícita em todo e qualquer processo econômico mediado por moedas soberanas. Mesmo sem o ouro como referência, o dólar e as instituições financeiras que giram em torno desse ícone continuam dominando a economia mundial, trinta anos depois do que teria sido o momento final dos acordos de Bretton Woods. A criação do euro, no entanto, reflete uma evolução do sistema que, mais uma vez, demonstra a relação intrínseca entre a existência de moedas e a capacidade de monopolização de poder, conhecimento e riqueza.

Diante de pressões crescentes na demanda global por ouro, ocasionadas pela inflação combinada com a fixação do preço do ouro, o sistema pareceu entrar em colapso em 1971, em seguida à suspensão pelos Estados Unidos da convertibilidade do dólar em ouro. Porém, até o final da década de 1970, o Sistema Bretton Woods era efetivo no controle de conflitos e na obtenção das metas comuns aos países que o haviam criado, especialmente os Estados Unidos.

Nos anos 1980, depois que o Fed promoveu um choque de juros para combater a inflação gerada por dois choques sucessivos nos preços do petróleo, a dívida externa dos países em desenvolvimento saiu do controle e várias moratórias e cancelamentos de dívida ocorreram, tanto negociados quanto provocados por crises nas contas externas dos países endividados, como o Brasil. O FMI atuou em todos os processos como regulador e supervisor, promovendo ajustes recessivos e modelos econômicos exportadores para aumentar a capacidade de pagamento dos devedores.

quarta-feira, 28 de março de 2012

CONFERÊNCIA DE BRETTON WOODS (1944)


Ninguém acredita mais em História, com “H” maiúsculo, mas há momentos, pelo menos, nos quais parece realmente condensada toda a dramaticidade de uma história maior; maiúscula, pela surpreendente coincidência de urgências práticas e também civilizatórias. A Conferência de Bretton Woods foi um desses momentos extraordinários, nos quais os homens não parecem perdidos apenas em confabulações mesquinhas relativas à divisão do espólio da guerra, inclusive territorial, mas ousam olhar para o futuro mais longínquo e tomar decisões sobre a divisão da riqueza, do poder e do conhecimento.

A Conferência de Bretton Woods, definindo o que se convencionou denominar como Sistema de Bretton Woods de gerenciamento econômico internacional, estabeleceu em julho de 1944 as regras para as relações comerciais e financeiras entre os países mais industrializados do mundo. Esse sistema foi o primeiro exemplo na história mundial de uma ordem monetária totalmente negociada entre Estados nacionais.

Preparando-se para reconstruir o capitalismo mundial enquanto a Segunda Guerra Mundial ainda matava em massa, 730 delegados das 44 nações aliadas encontraram-se no Mount Washington Hotel, em Bretton Woods, New Hampshire, para a Conferência monetária e financeira das Nações Unidas. Os delegados deliberaram e finalmente assinaram o Acordo de Bretton Woods (Bretton Woods Agreement) durante as primeiras três semanas de julho de 1944.

Naquelas semanas, as regras de um novo jogo de controle mundial da riqueza, do conhecimento e da natureza foram estabelecidas, consolidando uma vitória militar que desde então, sob o imperativo da defesa do dólar e da hegemonia americana, tem apenas se reafirmado, sobretudo após a queda do Muro de Berlim, a demonstração cabal do sucesso das regras de convivência determinadas pelos Aliados ao final da Segunda Guerra Mundial. Em boa medida, o Muro de Berlim surgiu para delimitar fisicamente os territórios do capitalismo e do comunismo. A queda do Muro, em 1989, foi uma vitória do capitalismo imposto pelos aliados ao mundo após a Segunda Guerra Mundial. Foi também a queda do Muro que viabilizou a criação da primeira moeda que desafiou o mesmo sistema de Bretton Woods – o euro.

Haverá outras moedas, outras engenharias políticas e monetárias ou mesmo territórios novos, inclusive digitais, nos quais novas moedas surgirão nas próximas décadas? Se a hegemonia do dólar reflete a vitória aliada na guerra mundial e o surgimento do euro, a consolidação do capitalismo no território europeu, que tipo de criações monetárias e financeiras serão possíveis a partir da proliferação de mercados totalmente virtuais? Relembrar e reinterpretar o significado Histórico, com “H” maiúsculo, da Conferência de Bretton Woods é um exercício atual e, em boa medida, ainda futurista e civilizatório.

terça-feira, 27 de março de 2012

DARFUR - Mais um pouquinho de África



Situada entre o Sudão e o Chade, Darfur – a terra dos furs – era, no século XVII, o Estado sucessor de uma série de países independentes e prósperos, que, no início do século XX foram absorvidos pelo Sudão.
Com a independência do Sudão em 1956, Darfur envolveu-se tangencialmente em guerras civis norte-sul (1956-1972) e ainda era um lugar de inquietação quando elas terminaram, pois também estava envolvida no conflito entre Chade e Líbia. Quando o general al-Bashir tomou o poder no Sudão, o novo governo em Cartum engajou-se na guerra em Darfur em nome do Islã e com armas fornecidas pela China. Os Estados Unidos estavam preocupados com esses levantes que coincidiram com os ataques da Al-Qaeda às embaixadas norte-americanas no Quênia e na Tanzânia. O governo sudanês tentava ocultar suas operações aparentemente genocidas agindo por meio de milícias semi-independentes, os janjaweeds, mas os relatos de atrocidades se tornaram tão horripilantes que a União Africana (UA) foi convencida a enviar uma força, aceita com relutância por Cartum, para aliviar a situação. Entretanto, essa força era pequena demais para ser eficaz, de forma que o Conselho de Segurança da ONU se sentiu obrigado a proporcionar uma força de paz internacional de 20 mil membros. As mortes em Darfur aumentaram para várias centenas de milhares, com um número muitas vezes maior de desabrigados, famintos ou pessoas sem água e horrorizadas demais para voltar para casa, mesmo se pudessem, e vários grupos entre os furs estavam lutando entre si. Enquanto alguns fugiam em direção ao oeste, para o Chade, o presidente Deby pedia ajuda internacional, insistindo em que ela não deveria vir da UA nem da ONU, mas da EU, onde ele poderia ter certeza da presença da presença simpática da França. Um acordo de paz, concluído em 2007, foi um primeiro passo em direção à salvação das vítimas sobreviventes, mas apenas parcialmente eficaz, já que forças predadoras se dividiram em fragmentos, dos quais muitos não podiam ser incluídos em acordos formais. As condições nos chamados campos continuavam brutais e tão perigosas que muitas organizações de ajuda foram forçadas a abandonar seu trabalho. O Tribunal Penal Internacional decidiu indiciar o presidente al-Bashir.

domingo, 25 de março de 2012

RS é campeão no país em repetência no Ensino Médio

Hoje o espaço que venho dedicando a textos referentes a Geopolítica e História mundial vai abrigar esse texto, que de qualquer forma, aceitando ou não a repetição de ano nas escolas, mostra o quanto a educação do Rio Grande do Sul está em pedaços. Nunca pensei que um dia seriamos o pior dos Estados Brasileiros, sim, se somos os que mais reprovamos no país. A culpa, é de todos e não somente dos alunos, como vários professores que converso continuam colocando.

Marcelo Gonzatto e Nilson Mariano

A cada ano, perto de 300 mil alunos são afetados por um dos mais graves problemas da educação gaúcha: o alto índice de reprovação.

Esse fenômeno atrasa o fluxo estudantil de 19,9% dos estudantes do Ensino Médio em estabelecimentos públicos ou privados — o que torna o Estado campeão nacional de repetência nessa etapa. Além disso, afeta 14,2% dos matriculados no nível Fundamental, compromete o desempenho em sala de aula e é uma das principais razões para a desistência. Apenas na rede estadual, a retenção e o abandono escolar representam um desperdício de R$ 790 milhões por ano.

O mais estreito funil do ensino gaúcho está nas escolas estaduais e municipais. E, nessas redes, principalmente no Ensino Médio. No 1º ano, a reprovação chega a reter quase um terço dos alunos, conforme dados de 2010. O Fundamental também apresenta índices elevados, superando os 17% na rede estadual.

Considerando-se o que o Estado gasta para custear o ensino, a reprovação e a desistência — que leva um a cada 10 estudantes a deixar os estudos — desperdiçam o equivalente a R$ 384 milhões no Fundamental e R$ 406 milhões no Médio por ano. Isso representa um quarto dos R$ 3,2 bilhões investidos em 2011 nessas duas faixas.

— Essa perda material, somada à perda social, faz com que essa seja uma das questões mais graves da educação hoje — admite o secretário estadual da Educação, Jose Clovis de Azevedo.

Uma das explicações levantadas por especialistas para o mau desempenho gaúcho seria a vocação precoce para o trabalho. Mas os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) não sustentam essa crença: 2,9% dos adolescentes de 15 a 17 anos trabalham — abaixo da média nacional de 3,1%. Resta, então, a hipótese de que os rio-grandenses apostam na repetência como recurso pedagógico por razões culturais.

— Podemos conjecturar que é um Estado com cultura escolar de maior rigidez e sem política específica para evitar reprovações — avalia a diretora-executiva do Todos pela Educação, Priscila Cruz.

Azevedo afirma que a proposta de reforma no Ensino Médio, que desagrada ao Cpers, é uma tentativa de mudar esses índices. Para a ex-secretária da Educação Mariza Abreu, o Estado ficou à margem das discussões sobre os malefícios da retenção feitas no país a partir dos anos 90.

— A implantação dos ciclos em Porto Alegre não teve bons resultados, então ficou no inconsciente coletivo a impressão de que reprovar é melhor do que a aprovação automática — acredita Mariza.

Outro grande problema é que, segundo pesquisas indicam, a repetência não ajuda em nada a nota do aluno. Lançado este ano, o relatório De Olho Nas Metas, do Todos pela Educação, demonstra que 47% dos estudantes das séries iniciais do Fundamental que nunca rodaram alcançam o desempenho esperado em matemática. No caso dos estudantes que estão fora da seriação adequada, apenas 25% atingem o resultado desejado. Assim, o ciclo da repetência se perpetua.

sábado, 24 de março de 2012

Grupos Guerrilheiros na América Latina

"ESTA USTED EN TERRITORIO ZAPATISTA EN REBELDIA.
AQUI MANDA EL PUEBLO Y GOBIERNO OBEDECE".

Refletindo os novos tempos, os muitos movimentos revolucionários nascidos no período da Guerra Fria estavam em composição com os governos locais, outros em claro refluxo, alguns em extinção ou, talvez, até em latência. Deles, tão destacadas pela imprensa internacional como representantes da turbulência ininterrupta continental, citavam-se o da Unidade Revolucionária Nacional, da Guatemala e Cidade do México; da Força Popular Revolucionária Lorenzo Zelaya e os Chinchoneros, de Honduras; da Frente Patriótica Rodriguez e Movimento da Esquerda Revolucionária (MIR), do Chile. Porém, os mais famosos eram os seguintes.


Sendero Luminoso: fundado em 1969 no Peru, com base na guerrilha rural, buscava a criação de um Estado indígena soberano. Com forte inspiração maoísta chinesa, desde o início dos anos 1990 tinha sido a organização guerrilheira mais ativa de todo o continente, sofrendo um forte revés no governo Fujimori, com a prisão de vários de seus principais líderes.

Movimento Revolucionário Tupac-Amaru: fundado em 1984 no Peru, por estudantes universitários, seguia os ideais marxistas sem o radicalismo dos senderistas, apresentando-se até como seu rival no norte do país.

 Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional (FMLN): criada em 1980, em El Salvador e Honduras, buscava a implantação de um regime comunista tradicional, como o soviético. Depois de 12 anos de guerra civil, a FMLN assinou com o presidente de El Salvador, Alfredo Cristiani, o fim dos confrontos (1992), sob a intermediação da ONU. Graças a concessões de governo e guerrilheiros, foram possíveis a democratização do país, garantias contra esquadrões da morte e aparelhos repressivos do Exército e abandono de ações armadas terroristas. O sucessor de Cristiani, Armando Calderon Sol (1994), continuou implementando os acordos de paz obtidos.

 Movimento 19 de abril (M-19): fundado em 1970 na Colômbia, combatia o governo defendendo a instalação de um regime popular nacional. No início dos anos 1990, junto com outros grupos revolucionários, buscou o fim da confrontação militar e a consolidação democrática, conseguindo a legalização de sua atuação como partido político

 Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc): fundada em 1965 na Colômbia. Utilizou a zona desmilitarizada de 42 000 quilômetros quadrados no sul do país desde 1998 até 2002 quando passou a sofrer ataques das forças governamentais.

 Exército de Libertação Nacional (ELN): movimento guerrilheiro da Colômbia que também se utiliza de sequestros como forma de angariar fundos para seus objetivos.