terça-feira, 3 de abril de 2012

MAS O QUE FAZ UM PAPA?



CUBA: A visita de Ratzinger aos irmãos Raúl e Fidel Castro decepciona os conservadores

A visita de Bento XVI foi um gesto de relações públicas conveniente para o Vaticano e Havana e uma decepção para os anticastristas. Não só a direita republicana, mas também a Casa Branca e The new York Times esperavam que o papa recebesse a oposição.

Duas semanas antes da visita, um grupo anticastrista autointitulado “Partido Republicano” ocupara uma igreja em Havana para exigir levar suas denúncias ao papa. Mas o próprio arcebispo os condenou e chamou a polícia para expulsá-los. E a atitude do papa foi praticamente a mesma pela qual a mídia conservadora brasileira criticou a presidente Dilma: condenou em alta voz o embargo dos EUA à ilha e evitou aludir às suas questões internas.

Até a declaração de Ratzinger, ainda no México, de que “a ideologia marxista, tal como foi concebida, já não responde à realidade” é algo que o próprio Raúl Castro, empenhado em reformas econômicas, poderia endossar. Com a ressalva de que o mesmo pode ser dito, com mais ênfase, da doutrina católica. Entre o regime cubano e a Igreja, é difícil dizer qual atravessa o momento mais delicado e mais precisa do reconhecimento do outro.

Nada foi mais memorável nesse episódio do que  o cordial encontro do velho reacionário com o velho revolucionário. Como ir a Havana e não ver Fidel? A pergunta do cubano, “mas o que faz um papa?”, será mais lembrada do que a anódina resposta, “confirmar a fé dos católicos pelo mundo”.

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