CUBA: A visita de Ratzinger aos irmãos Raúl e Fidel
Castro decepciona os conservadores
A visita de Bento XVI foi um gesto de
relações públicas conveniente para o Vaticano e Havana e uma decepção para os
anticastristas. Não só a direita republicana, mas também a Casa Branca e The new York Times esperavam que o papa
recebesse a oposição.
Duas semanas antes da visita, um grupo
anticastrista autointitulado “Partido Republicano” ocupara uma igreja em Havana
para exigir levar suas denúncias ao papa. Mas o próprio arcebispo os condenou e
chamou a polícia para expulsá-los. E a atitude do papa foi praticamente a mesma
pela qual a mídia conservadora brasileira criticou a presidente Dilma: condenou
em alta voz o embargo dos EUA à ilha e evitou aludir às suas questões internas.
Até a declaração de Ratzinger, ainda no
México, de que “a ideologia marxista, tal como foi concebida, já não responde à
realidade” é algo que o próprio Raúl Castro, empenhado em reformas econômicas,
poderia endossar. Com a ressalva de que o mesmo pode ser dito, com mais ênfase,
da doutrina católica. Entre o regime cubano e a Igreja, é difícil dizer qual
atravessa o momento mais delicado e mais precisa do reconhecimento do outro.
Nada foi mais memorável nesse episódio do
que o cordial encontro do velho
reacionário com o velho revolucionário. Como ir a Havana e não ver Fidel? A
pergunta do cubano, “mas o que faz um papa?”, será mais lembrada do que a
anódina resposta, “confirmar a fé dos católicos pelo mundo”.
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