quarta-feira, 28 de março de 2012

CONFERÊNCIA DE BRETTON WOODS (1944)


Ninguém acredita mais em História, com “H” maiúsculo, mas há momentos, pelo menos, nos quais parece realmente condensada toda a dramaticidade de uma história maior; maiúscula, pela surpreendente coincidência de urgências práticas e também civilizatórias. A Conferência de Bretton Woods foi um desses momentos extraordinários, nos quais os homens não parecem perdidos apenas em confabulações mesquinhas relativas à divisão do espólio da guerra, inclusive territorial, mas ousam olhar para o futuro mais longínquo e tomar decisões sobre a divisão da riqueza, do poder e do conhecimento.

A Conferência de Bretton Woods, definindo o que se convencionou denominar como Sistema de Bretton Woods de gerenciamento econômico internacional, estabeleceu em julho de 1944 as regras para as relações comerciais e financeiras entre os países mais industrializados do mundo. Esse sistema foi o primeiro exemplo na história mundial de uma ordem monetária totalmente negociada entre Estados nacionais.

Preparando-se para reconstruir o capitalismo mundial enquanto a Segunda Guerra Mundial ainda matava em massa, 730 delegados das 44 nações aliadas encontraram-se no Mount Washington Hotel, em Bretton Woods, New Hampshire, para a Conferência monetária e financeira das Nações Unidas. Os delegados deliberaram e finalmente assinaram o Acordo de Bretton Woods (Bretton Woods Agreement) durante as primeiras três semanas de julho de 1944.

Naquelas semanas, as regras de um novo jogo de controle mundial da riqueza, do conhecimento e da natureza foram estabelecidas, consolidando uma vitória militar que desde então, sob o imperativo da defesa do dólar e da hegemonia americana, tem apenas se reafirmado, sobretudo após a queda do Muro de Berlim, a demonstração cabal do sucesso das regras de convivência determinadas pelos Aliados ao final da Segunda Guerra Mundial. Em boa medida, o Muro de Berlim surgiu para delimitar fisicamente os territórios do capitalismo e do comunismo. A queda do Muro, em 1989, foi uma vitória do capitalismo imposto pelos aliados ao mundo após a Segunda Guerra Mundial. Foi também a queda do Muro que viabilizou a criação da primeira moeda que desafiou o mesmo sistema de Bretton Woods – o euro.

Haverá outras moedas, outras engenharias políticas e monetárias ou mesmo territórios novos, inclusive digitais, nos quais novas moedas surgirão nas próximas décadas? Se a hegemonia do dólar reflete a vitória aliada na guerra mundial e o surgimento do euro, a consolidação do capitalismo no território europeu, que tipo de criações monetárias e financeiras serão possíveis a partir da proliferação de mercados totalmente virtuais? Relembrar e reinterpretar o significado Histórico, com “H” maiúsculo, da Conferência de Bretton Woods é um exercício atual e, em boa medida, ainda futurista e civilizatório.

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