Situada entre o Sudão e o Chade, Darfur – a
terra dos furs – era, no século XVII, o Estado sucessor de uma série de países
independentes e prósperos, que, no início do século XX foram absorvidos pelo
Sudão.
Com a independência do Sudão em 1956, Darfur
envolveu-se tangencialmente em guerras civis norte-sul (1956-1972) e ainda era
um lugar de inquietação quando elas terminaram, pois também estava envolvida no
conflito entre Chade e Líbia. Quando o general al-Bashir tomou o poder no
Sudão, o novo governo em Cartum engajou-se na guerra em Darfur em nome do Islã
e com armas fornecidas pela China. Os Estados Unidos estavam preocupados com
esses levantes que coincidiram com os ataques da Al-Qaeda às embaixadas
norte-americanas no Quênia e na Tanzânia. O governo sudanês tentava ocultar
suas operações aparentemente genocidas agindo por meio de milícias
semi-independentes, os janjaweeds, mas os relatos de atrocidades se tornaram
tão horripilantes que a União Africana (UA) foi convencida a enviar uma força,
aceita com relutância por Cartum, para aliviar a situação. Entretanto, essa
força era pequena demais para ser eficaz, de forma que o Conselho de Segurança
da ONU se sentiu obrigado a proporcionar uma força de paz internacional de 20
mil membros. As mortes em Darfur aumentaram para várias centenas de milhares,
com um número muitas vezes maior de desabrigados, famintos ou pessoas sem água
e horrorizadas demais para voltar para casa, mesmo se pudessem, e vários grupos
entre os furs estavam lutando entre si. Enquanto alguns fugiam em direção ao
oeste, para o Chade, o presidente Deby pedia ajuda internacional, insistindo em
que ela não deveria vir da UA nem da ONU, mas da EU, onde ele poderia ter
certeza da presença da presença simpática da França. Um acordo de paz,
concluído em 2007, foi um primeiro passo em direção à salvação das vítimas
sobreviventes, mas apenas parcialmente eficaz, já que forças predadoras se
dividiram em fragmentos, dos quais muitos não podiam ser incluídos em acordos
formais. As condições nos chamados campos continuavam brutais e tão perigosas
que muitas organizações de ajuda foram forçadas a abandonar seu trabalho. O
Tribunal Penal Internacional decidiu indiciar o presidente al-Bashir.
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