quarta-feira, 21 de março de 2012

A questão das Malvinas era uma luta entre dois carecas por um pente


E Em 1982, a Grã-Bretanha e a Argentina disputaram militarmente um arquipélago rochoso, gélido e pouco habitado do Atlântico Sul. Foi o maior confronto aeronaval desde a Segunda Guerra Mundial e teve enorme impacto em ambos os países, assim como nas próprias Malvinas.

Em 19 de março de 1982, um navio de transporte de tropas da marinha argentina levou um grupo de comerciantes de sucata para a remota Ilha Geórgia do Sul, uma possessão britânica 1.280 km a sudeste das ilhas Malvinas (Falklands, para a Grã-Bretanha). Entre eles encontravam-se fuzileiros navais, que fincaram a bandeira argentina no local. Em 2 de abril, forças da Argentina desembarcaram nas ilhas Malvinas – a primeira invasão de domínio britânico desde a Segunda Guerra Mundial.

A discrepância na guerra era enorme: os argentinos se encontravam a 480 km de distância das ilhas, ao passo que os britânicos estavam a 12.000 km ao norte e tinham apenas uma guarnição de 68 fuzileiros navais – prontos para se render – e um navio de patrulha do gelo armado com dois canhões de 20 mm para proteger o território. Os EUA deram apoio à Grã-Bretanha, mas consideravam como “impossibilidade militar” uma invasão britânica bem-sucedida. Na Grã-Bretanha, o ataque provocou uma crise política, e o governo conservador de Margaret Thatcher foi acusado de negligenciar as ilhas e de dar à Argentina sinais incorretos sobre seu futuro.

A força-tarefa

O governo britânico organizou então para recuperar as ilhas uma força-tarefa de 30 navios de guerra, mais embarcações de apoio e de transporte, incluindo o cruzeiro adaptado SS Canberra, e 6 mil soldados. Uma base área foi instalada na ilha de Ascensão, no meio do Atlântico, e estabelecida uma zona de exclusão de 370 km em torno das Malvinas, dentro da qual todo navio e avião argentinos seriam atacados. Enquanto a força-tarefa cruzava o Atlântico rumo ao sul, uma equipe de fuzileiros navais e tropas do Serviço Aéreo Especial (SAS, na sigla em inglês) e do Serviço Especial de Barcos (SBS) recapturaram a ilha Geórgia do Sul em 25 de abril. Helicópteros British Wesland Wasp atingiram um submarino argentino, o ARA Santa Fe, com mísseis antinavio AS-12, forçando-o a atracar na ilha.

Bombardeiros Avro Vulcan, da força aérea britânica (RAF), atacaram o aeroporto de Stanley em 1º de maio. A viagem de 16 horas da ilha de Ascensão requeria que os bombardeiros fossem reabastecidos em pleno voo por aviões-tanque da RAF. Embora um feito notável, os ataques eram de pouca eficácia. Em investidas de menor alcance, jatos Sea Harrier decolando do porta-aviões HMS Hermes despejavam bombas de fragmentação sobre Stanley e sobre a pista de Goose Green. Nenhum dos aeroportos das Malvinas podia receber jatos, assim caças e outros aviões argentinos tinham de operar a partir do continente, alvejando com bombas e mísseis a força-tarefa que se aproximava. Esta se defendeu com armas antimíssil, antiaéreas e caças Sea Harrier.

Enquanto isso, no mar, o submarino nuclear britânico HMS Conqueror afundou com torpedos o cruzador leve argentino ARA Belgrano em 2 de maio, matando 323 homens, sendo que outros 700 foram resgatados. As mortes no incidente representaram cerca de metade do total de fatalidades argentinas no conflito. O ataque foi muito criticado, uma vez que o navio estava fora da zona de exclusão e rumava para longe das Malvinas. Um barco de patrulha argentino foi atingido e danificado no mesmo dia. As perdas convenceram os comandantes navais argentinos a confinar suas embarcações nos portos pelo resto do conflito. Dois dias depois, um avião argentino Dassault Super Etendard afundou o navio britânico HMS Seffield com um míssil Exocet.

Desembarques

Os primeiros desembarques britânicos nas ilhas ocorreram em 14 de maio, quando o SAS promoveu uma incursão na ilha Pebble e destruiu na pista 11 aviões militares argentinos. Uma semana depois, 4 mil homens da 3ª Brigada de Comando SAS desembarcaram perto do estreito de San Carlos, na ilha Malvina Oriental, no lado oposto ao da principal base argentina em Stanley. As tropas britânicas estavam então vulneráveis a bombardeios noturnos, enquanto raides aéreos afundaram quatro navios britânicos na área.

As tropas britânicas dirigiram-se para o sul a fim de atacar o 12º Regimento de Infantaria argentino em Goose Green. Depois de dois dias de luta, em 28 de maio, a vitória britânica permitiu que suas tropas marchassem para Stanley. Uma longa batalha no final de maio deu aos britânicos o controle do estratégico monte Kent, que dominava a cidade. Mais para o sul, forças britânicas rumando para Stanley sofreram ataques aéreos argentinos e tiveram baixas quando foram atingidos dois navios de desembarque, o RFA Sir Galahad e o RFA Sir Tristam, em 8 de junho.

Apesar do revés, as forças britânicas estavam, na noite de 11 de junho, em condições de atacar posições defensivas em elevações em torno de Stanley. Dois dias depois, elas capturaram o monte Tumbledown, a última linha de defesa em torno da cidade. Na manhã seguinte, 14 de junho, as tropas argentinas renderam-se; suas mal equipadas forças não eram páreo para o poder tecnológico das armas britânicas.

Um comentário:

  1. Depois disso as forças armadas argentinas entraram em um processo de sucateamento incrível e hoje a Argentina só pode pensar mesmo em uma pressão política contra os ingleses potque militarmente...
    Sorte a nossa que nós brasileiros somos amigos de todo mundo, porque se tivessemos que nos defender de invasores acabariamos no mesmo barco de los hermanos.

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